Como dito no primeiro texto da série, a transformação patrocinada pela Indústria 4.0 promoveu estudos e divagações sobre o novo reordenamento das relações de trabalho. A conclusão certeira (sempre!) é que algumas profissões ou funções estarão extintas na próxima década – ou pouco depois. Dentre elas, estão a do contabilista, que abordarei neste artigo – e a do economista, a ser abordada posteriormente. Então, vamos lá!
A contabilidade surge e se estabelece como uma ferramenta de escrituração das operações comerciais e produtivas, capaz de consolidar e unificar os registros, tornando empresas completamente diferentes e, portanto, incomparáveis, em organizações similares por meio do seu patrimônio – e, assim, comparáveis. A partir das primeiras décadas de 1900, surgem grandes corporações contábeis com diversas especialidades. Ao mesmo tempo, escritórios acanhados são abertos, com sobrevivência espetacularmente notória decorrente de uma demanda elevada. O leque para o profissional contábil estava aberto. Nesse período, o contador era estigmatizado pelo mercado como um mal necessário, tanto para grandes quanto para pequenas organizações.
Com a “internetização[1]” do mundo moderno, conhecido como a 4ª revolução industrial, o mercado do contabilista se transforma. Programas de escrituração contábil são procriados com intensidade absurda. O tempo dedicado ao registro contábil é enormemente diminuído. Com a necessidade de se adequar a esse novo contexto e seguir o caminho das transformações, nasce um novo profissional: o EMPREENDEDOR CONTÁBIL. Mas quem é ele? Com certeza, não é aquele que escriturava registros.
Ele nasce de uma necessidade de mercado que o coloca numa posição de destaque. É constituído de conhecimento ímpar sobre o assunto – ou seja, sabe contabilidade, estudou e se especializou na área, ato fundamental para êxito na profissão. Mas também está ciente de que isso só não basta. É necessário ainda: (I) transitar bem pelas tecnologias, já que a máquina irá fazer o papel operacional; (II) entender sobre pessoas, já que, como empreendedor, terá que liderar; (III) conhecer áreas afetas à sua profissão, como o direito tributário, trabalhista e societário; (IV) atentar para a demanda de mercado, para satisfazer seus clientes e conquistar novos e; (V) observar as mutações que estão acontecendo no mercado local e internacional, para saber que caminho adotar, para si e para seu cliente.
Todo esse conhecimento se faz necessário para a construção desse novo profissional contábil, cujo foco é munir o cliente de informações para uma tomada de decisão com a menor taxa de incertezas possível. Ou seja, ao mesmo tempo em que entrega mais valor, proporciona qualidade nas ações e a criação de riqueza. Diferenciado e produtivo, ele deve ser parceiro do cliente, já que trabalham – ou irão trabalhar – em conjunto.
Resgato, neste momento, o que foi posto no início em relação à extinção do profissional contábil, e afirmo categoricamente, apesar de não ser vidente: NÃO, a profissão contabilista não irá acabar! Melhor explicando, aquele contador de escrituração acabou, ou está em vias de. Mas o empreendedor contábil surge com mais força, importância – e, acima de tudo, e devido à necessidade de um mercado carente de conhecimento de especialistas, pronto para montar estratégias de curto, médio e longo prazo.
Enfim, as transformações digitais nos causam incertezas, pois nos tiram da zona de conforto e nos colocam em caminhos desconhecidos. E isso é bom. O tempo não para, as modificações e as atitudes adotadas no presente refletirão no futuro. A transformação do mercado, da profissão contábil e do profissional já começou. Está aí. Temos que nos transformar, ou reinventar, como queiram. Neste contexto, o empreendedor contábil é o protagonista. Será que a transformação já começou em você? Ah, e aquele profissional contábil categorizado como mal necessário pode ser definido agora como um bom, e fundamental, parceiro.
[1] Internetização – palavra criada com o intuito de estabelecer a importância da internet nos processos e conhecimento.
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