Dando continuidade à análise dos reflexos das alterações no mercado de trabalho causadas pela revolução 4.0, voltamos nossa atenção agora para o economista. Apesar de, em certos momentos, as profissões de contabilista e economista se sobreporem, atuando de maneiras análogas e podendo ser (e são) consideradas complementares, elas são diferentes. O economista se difere do contabilista no seu modus operandi. E suas características profissionais e foco de trabalho são completamente diversos.
O contabilista tem, ou pelo menos tinha, de maneira bastante acentuada, um processo operacional rotineiro. Ou seja, dedicava um tempo considerável ao processo “manual” de escrituração dos fatos contábeis e à transformação deles em uma estrutura padronizada, única e eficiente para análise evolutiva da organização. No tempo restante, se é que sobrava algum, ele cuidava da gestão. A indústria 4.0 está modificando, como apontado no artigo anterior, esse modo processual, fazendo com que o contabilista se torne, também, um parceiro importante como provedor de análises.
O economista não tem um processo de rotina “manual” como o contabilista. Pela própria natureza da ciência econômica, que é planejar a melhor maneira de maximizar a produção, otimizando a alocação de recursos, seu trato fundamental é entender as mudanças e as características de cada processo produtivo, de serviço e do mercado, e elaborar a forma mais adequada de se gerar o máximo de riqueza com o mínimo de dispêndio possível. Então, a atuação do economista é única e depende, em cada situação exclusiva, de vários fatores.
Mais uma vez, e corroborando o que tenho anunciado em todos artigos desta série, o robô não sabe – ainda – gerar raciocínio lógico concatenado via construção cognitiva. Portanto, esse processo é exclusividade do ser humano. Já o processo rotineiro, como dito anteriormente, será exclusividade dele.
Enfim, profissões como a de contabilista, que têm na rotina parte de seu processo produtivo, terão que se reinventar – o que já estão fazendo. Todavia, ofícios como o do economista, que têm como modus operandi precípuo o raciocínio lógico concatenado para construção de processos novos, não irão sofrer esse tipo de ajuste. O que não quer dizer que não exista a necessidade de se reinventar. Pelo contrário, entender essa mudança, e a velocidade em que se processa, é fato hercúleo e, por vezes, inglório.
Saiba mais no perfil do Linkedin